Hoje é terça-feira, dia de ensaio com a orquestra criativa. Cheguei mais cedo que o normal. Enquanto esperava pelo início da sessão, assisti ao desespero de um familiar que terminava de visitar um parente. Chorava muito. Fiquei comovida e sem saber o que fazer.
O Zar começou o ensaio explicando-me que, a melhor forma de saber se uma ideia resulta, é experimenta-la. Por isso, no inicio de cada, nos primeiros 30 minutos, ele trás um novo instrumento para ter uma feedback da orquestrinha. Hoje esse instrumento era a Harpa eletrónica.
Olhei atentamente para todos e notei que:
· O indivíduo B estava muito triste. Normalmente é a mais alegre e divertido. Hoje estava
cabisbaixo e apático.
· O indivíduo F estava hiperativo, não conseguia estar quieto.
· O indivíduo D estava calmo ... até o Rocco chegar. Não parava de repetir “O Tó Zé tem o dente
partido. O Tó Zé tem que o tirar. Amanhã vou à Doutora. O Tó Zé portou-se
mal.”
Com o decorrer das secções, cada vez mais é perceptível que:
· O indivíduo B tem um sentido rítmico incrível. Para além do mais é super afinado. "indivíduo B aqui
para ti”
· O indivíduo B1 tem
muitas dificuldades em afinar, mas, no entanto, consegue, algumas vezes fazer uma
terceira da melodia cantada.
· O indivíduo D,
apesar de não fazer ritmos muito elaborados, consegue manter a pulsação sempre
certinha.
· O indivíduo F tem um prazer e um gosto enorme por aquilo que faz mas é mesmo muito preguiçoso.
O maestro, devido a um novo espetáculo, o espetáculo das marionetas, decidiu ensaiar uma nova música. Cantarolou um pouco a música Stand
By Me e a maioria rapidamente disse “Eu conheço essa música”. Todos tentavam
acompanha-lo com a letra, mas isso fazia com que não entendessem o ritmo.
Percebi que o objetivo do maestro não era ensaiar a música mas sim ouvirem-na.
O
ensaio termina. O Rocco e o Zar expuseram-me as atividades em mente para este ano como a participação
no Serralves em festa. Apesar de ser habitual, este ano eles não
vão participar no Festival de teatro de Rua Imagiraius devido
à complicada logística que existe relativamente a ensaios.
Durante a hora e meia de ensaio surgiu-me uma ideia: Porque não fazer um espetáculo, informal em que o grupo interagisse com o público? Porque não utilizar interfaces musicais como instrumentos da orquestra? Expus-lhes as ideias. Foram muito bem-recebidas. Para a semana vou levar o Makey Makey e perceber como eles reagem.
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